domingo, 29 de junho de 2014

Seleção para emprego

Em 1989 participei de uma entrevista de emprego para ser programador de computador. A entrevista estava marcada para 11 da manhã e cheguei bem cedo, umas 10 horas, fiquei ali por fora até dar 10:30, para não aparentar muita ansiedade. Entrei, apresentei-me e me mandaram esperar numa sala para a entrevista. Na sala já haviam duas pessoas, conversando sobre um disquete com dados que havia chegado de Brasilia. Dados muito importantes! O disquete possuía dados fundamentais para eles e estavam muito ansiosos para analisar os dados etc. Eu fiquei lá esperando e coisa e tal... De repente eles olharam pra mim e perguntaram se eu era o candidato. Eu respondi que sim. Um, de barba, que parecia ser o chefe, disse ao outro que iria sair para ele realizar a entrevista e iria para a sala da diretoria e voltaria em breve. Então o que ficou ia começar a entrevista mas ao mesmo tempo que olhava os tais dados que estavam no disquete, usando o dBase III/Plus. Agora uma pausa na história para falar de um BUG que tinha o dBase III/Plus: se não me falha a memória (já vão 25 anos!), caso o operador listasse o diretório de um disquete de dentro do dBase, com um banco aberto, e imediatamente trocasse o disquete com o banco ainda aberto, ele gravava o diretório do disquete anterior no novo disquete, apagando tudo, sem recuperação, assim que ele fosse acessado. E era o que ele ia fazer: observei que ele colocou um disquete, abriu um banco de dados, deu um DIR de dentro do dBase, retirou o disquete e colocou o tal disquete com os dados de Brasília. Eu imediatamente disse a ele que caso ele acessasse o disquete, o mesmo seria apagado, pois gravaria o diretório do disquete anterior sobre o disquete atual. Ele disse "que nada!", "não existe isso!". E ia acessar o disquete. Eu estava precisando do emprego e não queria ser chato ou intransigente... Mas disse: "caso o Senhor acesse esse disquete, o mesmo será apagado". Mas ele não me ouviu e acessou o disquete, vindo a apaga-lo. Quando viu que os dados não poderiam mais ser acessados, ele ficou imediatamente "branco" como a parede que nos cercava. Eu também fiquei "branco"... "putz que situação chata..." pensei eu... Ele tentou de todo jeito acessar os dados, mas estava tudo perdido. Colocou a cabeça entre as mãos... Neste momento, volta o "diretor" perguntando sobre os dados. O cara diz a ele: "está tudo perdido, não temos mais os dados, deu um problema técnico". O diretor colocou a cabeça na parede em desespero... ficaram os dois se lamentando... etc. "Bem, e o candidato?" disse o diretor. "Ele está aprovado" disse o outro.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Dando milho às galinhas

Quando eu morava em Uiraúna, nossa família passou por várias casas. Na realidade, toda vez que o aluguel da casa aumentava, minha mãe mudava de casa. Nós praticamente mudávamos de casa todos os anos, era natural pra mim, tanto que eu imaginava que, quando eu tivesse muito dinheiro, teria dois carros, uma Caravan e um caminhão para eu fazer as minhas próprias mudanças, todo ano. Lá pelo final dos anos 70, meu avô Herre Sapateiro deu uma casa para minha mãe morar e as mudanças de casa pararam. Era uma casa vizinha à dele. Naquela época, todo mundo criava galinhas ou porcos no quintal. Tanto minha mãe quanto minha avó criavam galinhas. Eu era o responsável por dar milho e água às galinhas, tanto às da minha mãe, quanto às da minha avó. Na casa da minha avó tinha 2 galos e umas 30 galinhas. Um galo grande, meio avermelhado, e um galo anão, preto. Os dois galos nunca brigavam, o que me deixava chateado pois queria ver uma briguinha de galos e nunca via. Eu passava horas imaginando porque esses dois galos não brigavam... Uma ideia era que haviam muitas galinhas... Cada um com 15 galinhas em média, não havia porque eles brigarem... Tinha comida e água à vontade também; eles não concorriam por nada. Um dia me veio uma ideia para ver esses dois galos brigarem: ia deixa-los sem comer uns dias, depois botar apenas um pouco de milho para os dois. Pode ser que eles briguem. Pois fiz isso. Deva o milho apenas para as galinhas, evitando os galos. Foi assim por uns 2 ou 3 dias. Os galos ficaram muito nervosos e estressados, com os nervos à flor da pele. Quando eles estavam bem estressados, coloquei um pouco de milho no meio dos dois, e eles começaram a brigar imediatamente! Uma briga violenta. Pra mim foi maravilhoso ver aquela briga e ainda mais a minha sensação de vitória por ter conseguido fazer os galos brigarem. À medida que a briga avançava, via que eles iam brigar até morrer; os dois já estavam muito abalados. Tive então um raciocínio bem simples: caso um dos galos morra, eu iria levar uma surra de matar!!! Claro que sim! Eu estava cavando uma surra pelo que eu estava fazendo! Então não contei pipoca: corri pra cima dos galos tentando apartar a briga e jogando milho pra todo lado. Os galos começaram a me atacar e fiquei cercado por dezenas de galinhas querendo os milhos que eu deixei cair. Em pânico, tratei de fugir. Felizmente os galos pararam de brigar e nenhum morreu, fiquei muito aliviado. Nunca mais fui brincar com esses galos... E ainda ao final, ainda sobrou uma bicada na minha perna.

domingo, 22 de maio de 2011

Fazendo um mandado na Caixa Econômica Federal

Acho que era em 1978, tinha eu 7 anos de idade. Eu estudava pela manhã e ajudava meu avô na sapataria dele à tarde, fazendo mandados, arrumando as prateleiras etc. Pois bem, um dia desses ele me pediu para ir até à agência da Caixa Econômica Federal para pegar um dinheiro. Eu achei muito bom pois seria uma oportunidade de entrar na agência da Caixa, recém instalada na cidade. Eu não queria entrar na agência sem motivo pois tinha medo de me pegarem e me botarem pra fora, medo de menino matuto do interior do Nordeste. Pois fui lá. Ficava a 3 quadras, mais ou menos. Peguei o papel com o nome da pessoa anotado e o valor.

Quando cheguei na agência, fui entrando e fui logo sentindo uma sensação estranha. Um frio danado que vinha das pernas, subindo pela coluna. Que coisa horrível era aquela. Olhei para os lados e ninguém se importava... Será que eles estavam sentindo o mesmo que eu? De repente me deu um medo de morrer e pensei logo em ir embora. Pois dei o fora da agência o mais rápido possível, não aguentava mais aquela sensação de morte. Quando cheguei no meio da rua, voltou o meu calorzinho costumeiro... Ha há!! Deve ser o tal do ar condicionado!! O frio deve ser do tal do ar-condicionado! Não vou morrer!!

Voltei então para a agência, senti agora o friozinho gostoso do ar-condicionado, peguei o dinheiro e fui!!!